fine art projects   |   painting, mixed media & photography

Paula Alzugaray    |   Oscar d’Ambrosio   |   Katia Canton

+

Paula Alzugaray – Um brasileiro na Berliner Liste

Paula Alzugaray in ISTOÉ magazine, sept 2011

A Berliner Liste é a maior feira de arte da capital alemã. Expõe mais de cem galerias internacionais e recebe uma média de 13 mil visitantes por edição. Até aí, nenhuma novidade. Poderia ser mais uma feira no hiperinflacionado calendário europeu, mas o fato é que a Berliner Liste tem o notável diferencial de ser reconhecida como a “feira da descoberta” de novos talentos. Isso porque recebe inscrições não só de galerias, mas também de artistas autônomos, sem vínculos comerciais com marchands. Esse é o caso do fotógrafo paulistano Max GPinto, selecionado para expor na 8ª edição da Berliner Liste, na cidade que hoje é tida como a capital da arte jovem mundial.

Entre os 80 artistas expositores, a maioria é natural de Berlim, ou residente na cidade. Mas há também chineses, israelenses, franceses, suíços, russos, sérvios, norte-americanos. Além do brasileiro, nenhum outro latino-americano. Max GPinto expõe pinturas que dialogam com a linguagem da colagem, atualizando tradições que vão do objeto trouvé dadaísta à pop art. Destaque para a série intitulada “Errr”, realizada a partir de apropriações de prints fotográficas da agência Reuters de jornalismo. A intervenção do artista se dá na carga de tinta de impressora que “suja” – ou “pinta”, segundo o ponto de vista – a imagem. “A série remete aos avisos de erros nas impressoras mais antigas. O título vem da foto apropriada e as imagens mostram o nome das agências de notícias. É proposital, talvez tenha a ver com meus dois focos de trabalho, entre arte e jornalismo”, diz Max GPinto, que é pintor, fotógrafo e editor de fotografia da revista ISTOÉ.

Paula Alzugaray, in ISTOÉ magazine / reproduction from www.istoe.com.br

Visuais_max

+

Oscar D’Ambrosio – A delicadeza da imagem

O universo das artes plásticas oferece a cada criador um ambiente de alternativas de expressão. Max GPinto, que já caminhou pelas instalações e por pinturas marcadas pela arte pop, com referências diretas e críticas a revistas de grande circulação norte-americanas, encontra em seus trabalhos mais recentes o equilíbrio entre o sentir e o pintar.
Trata-se de um mundo sutil, no qual a força da colagem e os seus procedimentos técnicos caminham ao lado do fazer da boa pintura. A série, intitulada Orquídeas, tem essas flores como mote, mas seu espectro é bem mais amplo, pois resulta de um exercício de olhar a realidade que teve, em seus primeiros passos, com a avó, a artista plástica Wega Nery, e se concretiza agora com a delicada fatura de cada tela.
O grande desafio desse exercício pictórico talvez esteja no processo de construção dos fundos, pois cada construção demanda o difícil exercício de não passar do ponto na execução, o que exige, por sua vez, a progressiva sabedoria de saber sentir o momento exato de parar o lidar com as tintas e as inserções.
Está nesse ponto a questão que as obras de Max GPinto trazem. O aparente inacabado de suas elaborações plásticas é fruto justamente desse raciocínio de buscar, de maneira mais ou menos consciente, de acordo com cada andamento criativo, um ponto-limite, em que se tenha sempre a escolha – ou pelo menos a impressão – de que é possível recomeçar.
No caso de Max, esse reinício está numa próxima pesquisa, num outro trabalho que se cristaliza pelas conversas estabelecidas entre colagens de embalagens, tickets ou documentos pessoais e a sequência de etapas em si mesma. As duas técnicas lidam com o universo da memória e das camadas de tinta, num ir-e-vir que fascina o observador, a se indagar com aquilo que vê, fruto dessa conversa entre o que existe e o que pode ser; entre o vivido e visto; e entre o imaginado e desejado.  Quanto mais essas fronteiras se diluem, mais a poética das imagens do artista cresce em leveza e densidade.

Oscar D’Ambrosio, doutorando em Educação, Arte e História da Cultura na Universidade Mackenzie, é mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Unesp.

 

ENGLISH / translated from portuguese, above

The delicacy of the image, Oscar d’Ambrosio

The universe of visual arts offers each artist an environment of alternative expression. Max GPinto, that have gone through installations and paintings marked by pop art, with direct references and criticism of mass-circulation magazines, finds in his latest production the balance between feeling and paint.
This is a fine world in which the power of collage, and its technical procedures walk next to the making of good painting. The series, entitled Orchids, have these flowers as a theme, but its spectrum is much broader, as the result of an exercise of looking at reality that was in its infancy, with her grandmother, artist Wega Nery, and is manifest now with the delicate construction of each canvas.
The great challenge of this pictorial exercise may be in the process of building backgrounds, as each one requires the difficult pursuit of not passing the point in execution, which requires, in turn, the progressive wisdom to know the exact time to stop dealing with paints and inserts.
This point is the question that the works of Max bring. The apparent unfinished character of his artistic elaborations is the result of this reasoning to seek, more or less consciously, according to every creative way, a limit point, which always has the choice – or at least the appearance – of that it is possible to start over.
In the case of Max this resumption is on a future research, in another work, which crystallizes the conversations made between collages of packaging, tickets, or personal documents and the sequence of steps in itself.
The two techniques deal with the universe of memory and the layers of paint, a go-and-forth that fascinates the observer to wonder with what he sees, the result of that conversation between what exists and what can be, between the living and seen, and between the imagined and desired.
The more these boundaries are dissolved, the more the poetic images of the artist grows in lightness and density.

Oscar D’Ambrosio, Ph.D. in Education, Art and Cultural History at the University Mackenzie, a Master in Visual Arts at the Arts Institute of Unesp

+

Katia Canton

to be updated /